Você terminou a primeira fase do teste
do Temperamento.
Segue abaixo o resultado desta primeira fase.
Medo
O medo funciona como o freio e como alarme do nosso sistema mental,
com o fim de nos proteger dos perigos, identificar problemas e nos precaver
de riscos. O medo opera de modo praticamente automático e influencia muito a
maneira como percebemos e pensamos o mundo ao nosso redor a toda hora. Por
isso, tem grande influência na tomada de decisões e no modo como as pessoas
nos vêem. O medo tem um forte componente inato, mas também as experiências
negativas, particularmente se forem freqüentes e/ou fortes e nos primeiros
anos de vida, tendem a ser incorporadas no jeito de ser. Algumas pessoas têm
baixo medo inato, mas o ambiente hostil ou a exposição aos perigos faz com
que desenvolvam um grande medo aprendido. Nessas situações, pode haver uma
grande ambivalência ou imprevisibilidade em como o medo é vivenciado. O medo
relacionado a pessoas (timidez x extroversã ;o) é um pouco diferente do medo
geral, mas costumam ter níveis semelhantes, ou pelo menos, não muito
distantes. O medo pode ser baixo, médio ou alto. Cada grau tem vantagens e
desvantagens, mas as pessoas com o temperamento mais equilibrado e menos
sujeito a ter problemas e transtornos mentais têm o medo médio.
Medo baixo
A avaliação apontou que o seu nível
de medo é baixo.
Esse perfil traz as características de ousadia, arrojo, gosto pelo risco,
impaciência, despreocupação, pouca precaução e tomadas de decisões mais
rápidas e impulsivas. Do ponto de vista social, se o medo também for baixo,
há uma tendência para desinibição, espontaneidade e extroversão, em
preocupação com o que os outros estão pensando a seu respeito. A vantagem do
perfil de baixo medo se manifesta particularmente quando o meio não está
gerando grandes perigos e problemas, ou seja, quando o ambiente é seguro.
Nessas circunstâncias, a energia que poderia ser despendida no sentido de se
precaver pode ser usada para conquistar e expandir, trazendo conquistas e
benefícios. Quem tem baixo medo menos comumente perde oportunidades que
poderiam render vantagens. Por outro lado, o medo é a proteção contra os
riscos que a vida oferece. Nesse sentido, com seu perfil mais ousado e
impulsivo, você tende a se expor demais quando há perigos reais e
imprevisibilidade. A falta de precauções e percepção de risco pode deixar a
retaguarda desprotegida dos eventos negativos quando eles de fato ocorrem.
Nessas situações, o que foi conquistado em fases mais seguras pode ser
perdido, às vezes rapidamente, por não se ter investido energia e recursos em
medidas de proteção. Do ponto de vista de transtornos psiquiátricos, o medo
baixo favorece o desenvolvimento de transtornos de impulsividade (transtorno
de explosividade intermitente, transtorno de oposição desafiante) e do uso de
drogas de abuso, por não medir bem as consequências de experimentá-las ou de
usá-las em demasia. A deficiência de medo também pode favorecer as elevações
excessivas de humor (euforia ou mania bipolar), a hiperatividade, o
envolvimento em situações problemáticas (acidentes, enganos) ou atos
antisociais. O baixo medo também diminui a chance de se aprender com as
experiências negativas, já que parte do aprendizado significa incorporar
algum grau de receio frente a essas situações. Pessoas com baixo medo tendem
a voltar mais rápido ao seu estado natural depois de situações traumáticas, o
que é uma desvantagem em situações mais cotidianas, mas é uma vantagem em
situações extremas que tenderiam a gerar um transtorno de estresse
pós-traumático em pessoas com mais medo. O baixo medo protege do
desenvolvimento de transtornos de ansiedade (ansiedade generalizada, alguns
tipos de TOC e de fobias, fobia social, personalidade dependente e
evitativa). O trabalho de aperfeiçoamento do temperamento com baixo medo
passa por aprimorar a capacidade de identificação das situações de risco e
problemas reais ou potenciais, ou seja, se deve pisar mais no freio e ficar
mais alerta. Muitas situações de boas oportunidades carregam riscos
inerentes, que devem ser bem ponderados para aproveitá-las da melhor maneira.
Se as precauções forem proveitosas, há chance de gerar novas precauções, mas
se não foram usadas ou necessárias, o baixo medo volta a imperar e novamente
se expor a riscos, talvez em excesso. A lapidação desse temperamento exige
muito o uso da razão, já que naturalmente a pessoa tende a pensar pouco antes
de tomar decisões. Por isso, é importante perceber que, na falta dos
mecanismos emocionais de proteção, quem deve agir para se adaptar melhor às
circunstâncias é o pensamento aliado ao tempo para considerar os riscos d e
cada situação. Para quem tem baixo medo, na dúvida, em geral é melhor se
proteger.
Vontade
Assim como o medo é o freio, a vontade é o acelerador. A vontade nos
move para fazer o que tem algum significado afetivo para nós. Quando a
vontade é muita, podemos chamá-la de desejo. Não podemos fazer tudo que
queremos e, por isso, os desejos têm que ser controlados. Quando os desejos
não são realizados, ou acontece algo que não queremos, ficamos frustrados e
tristes (queda da vontade), ou com raiva (transformação da vontade), ou tudo
isso junto (o controle e a raiva serão avaliados a seguir). É importante
entender que a vontade e a raiva são essencialmente a mesma energia de
ativação do sistema mental, mas em vibrações diferentes. A vontade é a
ativação canalizada e livre para agir, enquanto a raiva é mais caótica e
enfrenta algum bloqueio ou barreira. A vontade também pode ser dividida em
baixa, média e alta. A vontade está relacionada principalmente com as
vantagens, qualidades e benefícios e relativamente pouco associada ao nível
de problemas que a pessoa tem com o seu jeito de ser. As pessoas que se percebem
com mais benefícios com seu jeito de ser tendem a ter a vontade alta, mas
como para as outras emoções, não há perfil que só tenha vantagens e não tenha
problemas.
Vontade média
A avaliação apontou que o seu nível
de vontade é médio.
Esse perfil traz as características moderadas de otimismo, entusiasmo
e prazer nas atividades, interesse por novidades, tendência a desanimar e a
desistir frente a objetivos mais difíceis, e algum grau de insegurança e
indecisão dependendo das circunstâncias. A vantagem da vontade média é a
tendência a não se envolver nos problemas que o desejo tende a gerar para ser
saciado, e ao mesmo tempo, não sofrer prejuízos maiores por falta de vontade.
A vontade média conta com esperança e otimismo nas situações que se
apresentam favoráveis, mas não insiste demasiadamente em situações que de
fato são sem saída ou muito difíceis. Desistir de algo que não tem como dá
certo ou nem investir em algo que vai fracassar é bom, mas em geral não há
como saber isso de antemão. Outro aspecto favorável da vontade média é que
esse perfil não costuma inspirar forte competitividade nos outros. Pelo
contrário, esse perfil protege da ambição demasiada e arrogância (se a raiva
não for alta), ao mesmo tempo em que conta com energia suficiente para não
ter que ser ajudado e estimulado constantemente pelos outros. De modo geral,
a vontade média não gera atrito quando se está em grupo, mas as relações
sociais também dependem muito de outros fatores. Esse grau de vontade
favorece conquistas moderadas e em situações com poucos obstáculos. Por outro
lado, tem menos chance de sucumbir à ganância, que é um “efeito colateral” do
excesso de desejo e vontade, ao mesmo tempo em que consegue aproveitar e se
contentar com o que tem. Apesar da vontade média pode proteger de algumas
situações problemáticas, pode haver algum impacto negativo por falta de
motivação, proatividade, competitividade e auto-estima tão valorizadas na
sociedade atual. Assim a vontade média permite investir em algumas novas
situações, buscar ativamente oportunidades e aproveitar o que tem, mas pode
sucumbir em ambientes de grande competitividade e grandes obstáculos. Nessas
situações, alguma insegurança e indecisão podem fazer com que se deixe de
aproveitar boas oportunidades. Esse perfil se adapta bem situações com alguma
competitividade, mas com desafios moderados e necessidade de se adequar a
rotinas (se o controle for alto, principalmente). Do ponto de vista de
transtornos psiquiátricos, a vontade média traz um pouco de risco de se
desenvolver sintomas depressivos, principalmente quando o ambiente é hostil
ou cronicamente estressante. Para muitas pessoas a vontade &eacu te;
média, mas instável (geralmente nesses casos a raiva é média ou alta e/ou o
controle é baixo). Isso gera instabilidade de humor, já que a vontade é o
alicerce do humor, e essa oscilação afeta a auto-estima, a confiança e o
crédito pessoal. A vontade média pode proteger do desenvolvimento de
transtornos relacionados a excessos comportamentais em compras, jogo e drogas
de abuso, mas principalmente se a raiva for baixa e o controle for alto (ver
a seguir). Alguns podem usar drogas buscando o aumento de estímulos para
suprir alguma deficiência de vontade. A lapidação desse temperamento exige
vencer resistências iniciais e remar contra a maré em situações mais desafiadoras.
À medida que algumas conquistas são atingidas, pode se criar um círculo
virtuoso que gera mais vontade e iniciativa. Talvez seja proveitoso buscar
ponto s de apoio que ajudem a não desistir frente aos obstáculos maiores.
Pode ser uma boa estratégia tentar fazer parte de um grupo que opere
coordenadamente e que sirva como estímulo para manter a atividade em um nível
mais alto. Para algumas pessoas, passar a fazer atividades mais competitivas
ou agressivas (por exemplo, um tipo de luta), pode aumentar a vontade.
Controle
O controle é a capacidade de realizar as tarefas relacionadas ao
dever. O controle entra em ação para agirmos quando não temos vontade e para
limitar as ações impulsionadas pelo desejo. A capacidade de controlar a
ativação mental faz com que ela seja expressa mais na forma de vontade do que
de raiva, e ajuda a tolerar as frustrações. Dessa forma, o controle exerce
uma grande função de regulação emocional. O controle confere a capacidade de
se organizar e se concentrar nas tarefas, mesmo nas situações mais tediosas.
O controle também está associado à harmonia social e a cooperatividade, que
requerem funções mentais elevadas, como perceber o que é melhor para o grupo
e como os outros estão se sentindo nas diversas situações. O senso de dever tende
a favorecer o outro ou o grupo em detrimento de si, e assim aumenta a
cooperatividade entre os indivíduos. Por essas razões, em geral o controle
está associado a vantagens e a falta de controle tende a gerar problemas.
Controle Alto
A avaliação apontou que o seu nível
de controle é alto.
Esse perfil conta com alta concentração, foco, atenção, disciplina,
organização, responsabilidade e capacidade de conclusão de tarefas. Esses
recursos se apresentam mais valiosos particularmente quando as tarefas são
mais longas e entediantes. O controle alto gera vantagens principalmente se
houver muitos deveres a serem cumpridos ou tarefas mais desgastantes. Essas
características de atenção e responsabilidade costumam estar presentes já nos
primeiros anos de escola, e tendem a aumentar ainda mais no começo da idade
adulta. O controle alto ajuda a controlar as emoções, o que é particularmente
útil nas pessoas muito ativas mentalmente. O controle alto consegue canalizar
essa ativação como vontade ao invés de raiva, e direciona o indivíduo sobre o
que deve ser feito, como e quando. Não é costume deixar as tarefas p ara a
última hora, a não ser que sejam muitas, e se tem o gosto de fazê-las bem. Em
situações sociais mais complexas ou em situações pontuais, o controle alto
favorece a percepção de sutilezas do que está acontecendo, o que, junto com a
responsabilidade, se traduz em crédito pessoal perante os outros. O controle
alto também faz com que o comportamento e o pensamento sejam mais
padronizados ou “certinhos”, passando uma sensação às vezes exagerada de
conformidade às regras, mas isso também depende das outras emoções. Essas características
tendem a ficar menos aparentes se o medo for baixo e/ou a vontade for alta,
que também podem aumentar a originalidade dos muito controlados. De qualquer
maneira, o controle alto favorece a boa execução de tarefas, mas muitas vezes
pode ser visto pelos outros como “chato&rdqu o; ou perfeccionista. Do
ponto de vista de transtornos psiquiátricos, o controle alto pode se associar
a sintomas de Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) e de anorexia nervosa. O
controle alto exerce alguma proteção contra instabilidade de humor e excessos
comportamentais. O controle alto se adapta melhor quando se tem que depender
do senso de dever e de organização para produzir, particularmente em tarefas
longas e complexas. A lapidação dessa característica é abrandar o excesso de
exigência, a obsessividade e o perfeccionismo que muitas vezes é imposto aos
outros. Há momentos em que essas características são menos importantes, e
pode ser bom afrouxar um pouco o nível de exigência em função da harmonia
social.
Raiva
A raiva é o produto dos desejos e vontades não realizados. A vontade
(ou desejo) e a raiva são expressões diferentes da uma mesma força de
ativação mental. A raiva surge quando algo acontece contra a nossa vontade.
Algumas vezes ela emerge em função de algo que não queríamos que acontecesse,
como por exemplo, quando nos roubam ou furam a fila na nossa frente. Outras
vezes, é quando queremos muito que algo aconteça e há um bloqueio, como
quando o nosso time erra um pênalti ou quando queremos chegar a algum lugar e
o trânsito nos impede. A ativação mental, quando se manifesta sem bloqueios e
é canalizada a um objetivo, é a própria vontade. Quando é barrada ou está
caótica, é raiva. A raiva também pode ser canalizada exatamente contra a
barreira que se opõem à vontade com o objeti vo de destruí-la ou dominá-la.
Mas nem sempre isso pode ser feito. A raiva é, entre as emoções básicas, a
maior geradora de problemas. Ela corrói por dentro e por fora. No longo
prazo, faz o raivoso desgastar seus pontos de apoio e seus vínculos,
deixando-o só e sem suporte. E como a arrogância e desconfiança fazem parte
da raiva, a culpa costuma ser dos outros. O lado bom da raiva é a força para
conquistar posições mais altas hierarquicamente e para se defender de
agressores. Uma das principais funções da raiva é justamente tentar remover o
que bloqueia a realização da vontade e dos objetivos. Infelizmente, muitas
vezes a raiva gera outra reação oposta também forte, já que ninguém gosta de
lidar com a raiva alheia. Como é uma emoção quente e desmedida, facilmente
sai do controle e pode ati ngir níveis muito perigosos, principalmente com
medo e controle baixos. Assim como para as outras emoções básicas, algumas
pessoas têm uma tendência maior a sentir raiva, ou seja, ela determina
características do temperamento. As pessoas mais equilibradas e estáveis têm
como marca a baixa raiva. A arte em relação à raiva está em expressá-la nos
contextos adequados, com intensidade proporcional ao fato e de modo que
facilite a busca de soluções dos embates.
Raiva Média
A avaliação apontou que o seu nível
de raiva é médio.
Esse perfil traz algumas características de irritabilidade,
explosividade, impaciência, agressividade, assim como propensão a ser
desconfiado, rancoroso e vingativo. Do ponto de vista social, a pessoa com
raiva média pode ser percebida como intolerante e dominadora em alguns
contextos. A vantagem do perfil de raiva média é poder contar com a sua força
em situações em que se é desafiado ou agredido, o que protege o próprio
território. Em outras circunstâncias, um pouco de raiva favorece a conquista
de novos territórios. Mas essa capacidade de defesa e ataque muitas vezes
produz outras perdas e também coloca o indivíduo em situações de risco e
desadaptação social. Por estar associada com algum grau de desconfiança, há
uma facilidade em identificar precocemente quem pode lhe prejudicar, mas
algumas vezes pode considera r como inimigo ou tratar mal alguém que não lhe
quer mal. Em outras palavras, a desconfiança protege, mas também pode isolar
o indivíduo. As desvantagens da raiva média ocorrem quando ele é mal aplicada,
seja pela intensidade desproporcional, seja pela freqüência em que se
manifesta. No longo prazo, os efeitos da raiva média podem ser deletérios
para as relações afetivas e sociais. A reação de raiva deixa as pessoas em
torno inicialmente assustadas, e com a repetição, traumatizadas. Assim, a
tendência é o afastamento dessas pessoas ou a perda da naturalidade nas
relações. Quando se trata da relação com um outro raivoso, a conseqüência é o
surgimento de discussões, desacertos e brigas. Como a intensidade tende a ser
alta, e ambos tendem a ser orgulhosos e rancorosos, às vezes basta uma forte
desavença para rachar a relação de modo irreparável. A raiva também está
associada à forte combatividade, e é a base da inveja. As pessoas de raiva
média também tendem a ver o mundo em um formato tudo-ou-nada ou 8 ou 80 em
algumas situações, principalmente emocionais. Esse padrão de pensamento
também pode se manifestar ao rotular pessoas ou situações de maneira
dramática e instantânea. Como muitas coisas são contínuas e graduais, a
pessoa pode ficar meio fora de sintonia com o ambiente e com a visão dos
demais. Do ponto de vista de transtornos psiquiátricos, a raiva média confere
um risco maior de transtorno de humor bipolar, transtorno de explosividade
intermitente, bulimia, os transtornos de personalidade borderline, ,
narcisista, histriônico, antisocial e paranóide, excessos comportamentais
(compras, jo go, direção agressiva) e abuso de drogas. No entanto, muitas
vezes em torno dos 40 ou 50 anos a raiva pode surgir ou aumentar e aí sim
algum transtorno pode surgir, como depressão agitada, que pode ser
considerada como parte de um quadro de bipolaridade do humor. A lapidação da
raiva média passa por transformar a energia de ativação da raiva, que destrói
mais do que constrói, em vontade, que constrói mais do que destrói. O caminho
para se conseguir isso é canalizar a energia a um objetivo produtivo e
aumentar a capacidade de controle. As perguntas a serem feitas são “o que
está bloqueando a realização dos meus desejos ou a conquista dos meus
objetivos” ou “o que está acontecendo contra a minha vontade”? Uma vez
identificadas as barreiras, o ideal é elaborar um bom plano de ação, com
alternativas e flexibi lidade para resolver as questões. A canalização da
energia pode se dar tanto em mudanças no tipo de atividade que exerce ou em
fazer algum hobby, que pode ser um esporte, atividade física aeróbica ou uma
atividade artística. Assim, a energia represada vai fluindo de maneira
produtiva, reduzindo a pressão interna. No plano mental, a maneira de atenuar
a raiva é monitorar os pensamentos extremados, do tipo tudo ou nada, e buscar
a ponderação em cada situação. A inclusão de uma opção “mais ou menos” ou
“neutro” na hora de avaliar os eventos já enriquece e aperfeiçoa muito o
padrão mental de quem tem propensão à raiva. Outro aspecto importante a ser
desenvolvido é a capacidade de remendar os estragos feitos pela raiva. Isso
se consegue com o aumento da comunicação com as pessoas, particularmente em
uma posição de “guarda baixa”, que favorece o pedido genuíno de desculpas.
Muitas vezes quem age com raiva se arrepende do que fez, mas o orgulho não
deixa reparar os danos. Portanto, reduzir o orgulho, pedir desculpas e
valorizar o outro é um caminho que diminui o impacto negativo da raiva. Quem
tem a raiva média frequentemente consegue ter ou desenvolver essa capacidade.
Sensibilidade
A sensibilidade se refere a quanto alguém se abala frente a situações
difíceis da vida, ou seja, o impacto que as adversidades causam na pessoa. Os
fatores que levam a esse desgaste podem ser de várias naturezas, como
estresse no trabalho, situações de pressão, frustrações, eventos traumáticos,
mas também incluem as relações pessoais, como críticas e rejeição por partes
de outros. A tendência a se culpar e a dependência de aprovação dos outros
também são manifestações de sensibilidade alta. No contexto usado aqui, a
sensibilidade está relacionada à vulnerabilidade, e não no sentido de ter uma
percepção aguçada, ou uma sensibilidade artística. Portanto, a sensibilidade
alta nesse teste indica dificuldades e problemas em lidar com eventos
desagradáveis e adversos.
Uma vez abalado por algum estressor, a capacidade de recuperação tem a
ver com outras dimensões emocionais, principalmente com a vontade alta, mas o
medo baixo, a raiva baixa e o controle alto também favorecem a recuperação.
Sensibilidade
baixa
As pessoas com sensibilidade baixa são, de maneira geral, resistentes
às “pancadas” da vida e se abalam pouco quando há algum atrito pessoal. É
claro que todos têm um limite que pode ser ultrapassado gerando danos e
sofrimento, mas quem tem sensibilidade baixa não costuma ser afetado pelos
eventos cotidianos ou de ordem menor. O que abala são os estressores mais
fortes. No entanto, quem tem sensibilidade baixa às vezes se coloca em
situações de pressão mais alta, exatamente porque a toleram bem. Essa característica,
junto à boa capacidade de tolerar frustrações, pode dar vantagens
competitivas para situações complexas, difíceis e imprevisíveis. Mas mesmo
rendendo bem, há o risco de se ter os limites ultrapassados por se tratar de
situações de alta demanda, que podem gerar desgaste e prejuízos pe ssoais,
pelo menos de ordem subjetiva.
A sensibilidade baixa tende a facilitar a manutenção das relações
pessoais, tanto próximas (família, amigos) como mais distantes (colegas), por
não se sentir afetado ou magoado por pequenos atritos ou tensões. Em outras
palavras, a mágoa não fica acumulada.
Temperamento
Eufórico
O temperamento eufórico é exuberante e tem muita energia. Essa energia
alta pode se expressar como vontade, como desejos intensos e/ou como raiva
alta ou pelo menos média. Quando a energia é alta e canalizada, se expressa
como vontade, iniciativa e capacidade. Já é alta, mas está desregulada, se
manifesta como desejos compulsivos e/ou raiva. O medo costuma ser baixo, mas
pode ser médio. O controle tende a ser médio, mas se for alto ajuda muito na
execução e aproveitamento de toda a sua energia. Se o controle for baixo, e
ainda mais com raiva média ou alta, o resultado em geral é pouca
responsabilidade, explosividade e comportamentos de prazer em excesso.
A ativação mental, para ser expressa harmonicamente na forma de
vontade, precisa ser controlada e ter um foco ou direcionamento. Os eufóricos
em geral têm grande ativação mental, que podem ser difíceis de se lidar
porque o excesso de energia torna a ativação mental mais caótica, instável e
suscetíveis ao exagero. Assim, há uma sobrecarga para ser controlada. Quando
a dose que pode ser controlada é ultrapassada, surgem as reações emocionais
intensas e desproporcionais, que afetam a maneira de ver e se relacionar com
o mundo.
Além das características de irritabilidade, impaciência e
impulsividade, o temperamento eufórico costuma apresentar um padrão de
pensamento e comportamento do tipo tudo-ou-nada, ou 8 ou 80. Essas
características estão associadas à tendência de serem mais sensíveis à
rejeição e reativos à critica, de terem reações emocionais intensas, e
excessos comportamentais seguidos de culpa e remorso. A baixa tolerância à
frustração também costuma ser um problema. Ainda assim, querem que as coisas
sejam do seu jeito, mesmo que para isso tenham que ser impositivos ou até
manipuladores. Se houver instabilidade de humor, podem ter dificuldades com
concentração e atenção, particularmente para situações em que não estão
interessados, e enjoar rapidamente de pessoas ou de atividades. Para os
outros e até para si mesmo, a expansividade pode ser fascinante por um lado,
mas cansativa por outro, em função dos excessos.
As pessoas com esse perfil geralmente concebem que seu jeito de ser
está associado a problemas de grau moderado a alto, mas também a uma boa dose
de vantagens e benefícios. Nas questões relacionadas a trabalho, quem tem o
temperamento eufórico costuma ser particularmente bom no que gosta, mas seu
rendimento cai muito quando não está interessado. Também são muito
competitivos. Sua força está em iniciar projetos e atividades que envolvem
algum desafio, mas podem sofrer para executá-los em longo prazo. Muitas vezes
se excedem nas reações e reclamações para conseguir o que querem, o que pode
atrapalhar as relações. Em função da ambição, da mudança de interesses ou
intolerância a rotina, alguns eufóricos têm um histórico de muitas mudanças
de trabalho. Outros se adaptam bem a trabalhos em que essas características
possam ser contempladas (horários flexíveis, viagens a trabalho, mudanças de
ambientes e desafios).
No plano intelectual, tendem a ser convictos sobre o que pensam, mesmo
que sem muita fundamentação. Ao mesmo tempo, quando as evidências ou os
resultados reais vão contra as suas idéias, podem ter dificuldade de aceitar
seus erros perante os outros, o que faz os eufóricos serem percebidos como
donos da verdade. Nos casos extremos, têm uma idéia fixa que nem o melhor dos
argumentos é capaz de demover, porque enxergam os fatos de realidade e
projetam intensamente seus desejos e fantasias, praticando fortemente o
auto-engano. Em geral, conseguem ver os aspectos positivos, e deixam de
observar os aspectos mais duros da realidade e de si, o que pode incomodar e
gerar atritos com as pessoas mais realistas. Quando sofrem, além de ficarem
com raiva, é comum adotarem algum comportamento em excesso no terreno do
prazer, como compras, festas, drogas (cigarro e bebida, principalmente) e/ou
comida (mais doces). Mulheres frequentemente lidam com essas fases falando mais
(muitas vezes ao telefone) para tentar desaguar os sentimentos ruins. Fases
de TPM deixam as eufóricas particularmente irritáveis, extremadas, explosivas
e sensíveis.
Tensões e atritos são comuns nas relações afetivas de pessoas com
umtemperamento eufórico mais descontrolado, especialmente nas relações mais
íntimas. As características de dominação, irritabilidade, agressividade
(verbal na maioria das vezes) e a desconfiança podem minar os vínculos.
Nesses momentos, o ambiente todo chega a ficar contaminado em função da forma
e da intensidade das reclamações, imposições e cobranças. Algumas vezes as
relações íntimas adquirem o padrão de um amor obsessivo, ou ainda de ?tapas e
beijos?. Surtos de explosividade, raiva, desconfiança e possessividade
costumam ter um preço alto nos relacionamentos amorosos dos eufóricos. Também
cobram afeto ativamente, e quando estão mais negativos só dão atenção e
carinho depois de terem recebido. Por outro lado, por serem 8 ou 80, quando
encontram uma pessoa que concebem como especial, defendem o relacionamento
com unhas e dentes.
Como é um temperamento que costuma ter problemas, é importante buscar
maneiras de atenuar os traços mais disfuncionais e melhorar a adaptação ao
seu ambiente e ao seu círculo social. Psicoterapia e psicofármacos podem ser
bastante úteis para diminuir a negação, a onipotência, o extremismo, o
imediatismo e a irritabilidade. É muito importante tomar consciência desses
traços, e direcionar a energia para atenuar o que é mais prejudicial desse
jeito de ser. No caso dos eufóricos, mesmo reconhecendo que tenham problemas,
o mais difícil é se deixar ajudar e seguir mudanças ou tratamentos propostos.
Aqueles que conseguem, têm enormes benefícios por poderem aproveitar melhor
suas qualidades sem serem boicotados pelos seus defeitos.
Os pensamentos mais extremistas devem ser questionados e colocados à
prova. O desafio é buscar as respostas afetivas na medida certa e
proporcional aos fatos. Outro aspecto a ser desenvolvido é conseguir manter
simultaneamente (e não um ou outro) os sentimentos positivos e negativos
sobre alguma atividade ou pessoa. A maioria das coisas e das pessoas não é só
boa ou só má. É preciso entender isso em primeiro lugar, e depois treinar a
capacidade de perceber esses aspectos ao mesmo tempo, desenvolvendo a
terceira opção, que é o caminho do meio ou o meio termo. Esse passo já ajuda
muito a desenvolver mais tolerância. Em um estágio posterior, vem uma maior
aceitação afetiva dos fatos com sua complexidade, ou seja, não querer mudar
todas as coisas para se ajustarem aos próprios desejos e fantasias. O
amadurecimento dessas características permite com que as relações fiquem mais
estáveis, regulares e duradouras em todos os níveis. À medida que os
resultados positivos dessa postur a são vivenciados, pequenas mudanças de
comportamento podem ser adotadas, que por sua vez direcionam a outros
resultados mais positivos.
|